Contos, Fotos e Histórias do Marquês da Ajuda, Cacela e Sta Rita

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Dina

A Dina era de Olhão, das açoteias, esteiras e figos a secarem. Linda como nenhuma outra mulher de 18 anos, pronta e comprometida ao casamento. Era miúdo quando a paixão tocou o marquês empoleirado no cimo de uma oliveira. Imaginava-se Tarzan, Dina a Jane. Deslizou pela corda e quando tocou o chão a costa da mão esquerda, em dor, apresentava um corte na pele queimada até ao nervo. A paixão era maior acompanhada do aroma da natureza, da água fresca deslizando suavemente pelos regos da terra e dos frutos silvestres, das romãs fendidas, das malvas lá no fundo da horta muito perto dos marmeleiros. Na noite agitada o marquês amou, correndo o sonho com uma lâmina de corte fino, de água pura entre valados, de candeia que alumia o coração apaixonado. Depois a Dina foi embora, deixando o seu perfume na almofada que o marquês abraçaria todas as noites, até que a almofada cheirou apenas a almofada e a paixão se evaporou.

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