Contos, Fotos e Histórias do Marquês da Ajuda, Cacela e Sta Rita

quarta-feira, novembro 30, 2005

Nora







A Nora era um pequeno lugar junto à estrada que vinha e ía a Tavira e a Vila Real de Santo António. Junto à paragem das camionetas da carreira, a mercearia cheirava ao Café Guadiana da torrefação e moagem de café Palermo & Osório, Lda com o nº de telefone 12 de Mértola. A alguns cantos do balcão o cheiro alternava entre canela, açucar mascavado, alfarroba, cebolas, bacalhau.
Pela frincha das portadas podiamos observar quem apeva das carreiras e seguia seu destino para a Fábrica, onde o Estica já pescava naquela chata que um dia iria ficar atolada, na maré baixa da ria, bem do outro lado, frente a Cacela, e afastada das marés Santa Rita. Quase todos eram compadres, comadres ou parentes. Quando se entrava na mercearia dizia-se sempre:
-Oh! comadre...
-Diga lá compadre...
-O parente não está ?
-Saiu com a comadre e aventaram o norte.
Aqui, era a Nora o sítio onde se discutia se o miúdo devia ou não ser batizado e que o padre sempre pressionava.
-A ser batizado terá de ser em Fátima. Sentenciava o pai, fazendo correr lágrimas de fé nos presentes.

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