O sitio tinha tanta intensidade, força de ser maior. Talvez por isso a água escorria de cima, sem controlo, para se despenhar nas traseiras do Hotel, num imenso rugido, assustador sempre. Diziam-me que quando chove a vontade de abandonar o lugar é superior.
Vidros de janelas partidos, colchões ainda moldados pelo corpo do último viajante em camas solitárias. O corredor, um túnel gelado, com janela ao fundo para o infinito medo, a água escorrendo peneda abaixo sem sabermos onde, juntando o som e o medo no interior do edifício.
Aqui os gatos chamam-se pantufa e são de netos que não estão. As noites não possuem rectaguarda, são o limite.
A jovem loura de ar gentil, fazendo pender ligeiramente a cabeça para um dos lados, ajeita continuamente o cabelo para que este se mantenha atrás da orelha.
- Em Castro Laboreiro a tia Amélia tinha uma cabra que ficava em baixo. Um dia subiu, viu-se no louceiro, pensou ser outra cabra, investiu e partiu a louça toda.
- Faziamos tudo a pé. À noite ficavamos em Lamas e pela manhã continuavamos até à Peneda.
Nestes dias o azul deixa de se interessar por nós e as madrugadas cheiram a estrume carregado de lágrimas perdidas entre neblinas de solidão.
Contos, Fotos e Histórias do Marquês da Ajuda, Cacela e Sta Rita
quarta-feira, junho 22, 2005
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