Contos, Fotos e Histórias do Marquês da Ajuda, Cacela e Sta Rita

quarta-feira, junho 29, 2005

O relógio

Em casa do avô paterno do marquês o relógio dava as horas que entendia porque a linha do comboio ficava afastada, não se entendendo o sentido arbitrário com que as assumia.

Inicialmente encontrava-se na prateleira, logo por cima do lavatório que ficava num dos cantos de fundo da casa de jantar.

Mais tarde, num dos verões em que o fiz funcionar ao comando da minha voz, concertada com movimentos que ia definindo, a sua posição mudou para cima de um grande louceiro que ficava na casa de jantar, parecendo um passáro que, observando as cenas, poderia intervir como árbitro sectário em rounds domésticos. Para o alcançar era necessário procurar uma cadeira alta que nunca se encontrava por perto. Só um adulto poderia aceder àquele relógio e, mesmo assim, ter-se-ia que esticar bastante para lhe tocar.

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